Saturday, October 2, 2010

Todos os Dias

 
Todos os dias são bons! Alguns melhores, outros piores, mas há aqueles que o pior tem o significado exato da palavra.
São aqueles dias em que o filme passa tão rápido que você tem que voltar a fita. E quando volta a fita, passa tudo tão devagar que é possível sentir todos os centímetros da saudade, ou sei lá o que, mas acho que isso acontece quando o peito embranquece e luta em ficar sadio.
O que nos salva, são o céu, a história, e claro, essa coisa de amar, de preferência amar tudo, amar até o ódio como um sentimento que exercita seu coração e te faz ver quanto é quentinho gostar das coisas.
Mas gostar de alguém que já virou sua história não é tão fácil como deveria ser natural. Seu corpo carrega todas as sensações e temperaturas que te fazem viajar sempre para trás, mesmo quando viaja para frente procura aquela coisa que esteve ou está lá atrás. Realmente é um aborrecimento sentir essa coisa!
A pele da gente parece ser feita de camadas, que o tempo vai escrevendo e fica lá pra sempre, não adianta lavar; não sai mesmo!
Sabem aquela madeira velha que já foi pintada várias vezes? Assim ficamos...
A gente pensa que a última cor possa ser a mais bonita, mas na verdade elas se misturam todas, e a gente acaba mesmo ficando sem saber qual é a cor, e ai; começa aquele aborrecimento até que gostoso de lembrar tudo que dá pra lembrar e esquecer o que não dá.
Sem contar que também que seu olfato te apronta! Lembra daquele perfume? Pois é! Não há como evitar. E as mãos? Acostumadas com a pele grossa do tambor, também têm sua memória!
Tem também aquele seu velho amigo que esta virando um espelho pra você, o velho amigo já esta virando um amigo velho. Você nunca percebe bem seus cabelos brancos e seu corpo já vítima da gravidade dos anos até olhar seu querido amigo, que sem perceber, você ainda esta usando aquela imagem gravada há muitos anos em suas retinas.
Mas mesmo com os olhos meio cansados de insistir em assistir as vidas, sempre será um prazer olhar em todas as direções até que chegue a hora em que só vou poder olhar pra cima e para dentro; mas deve ser bom também, afinal, bem lá dentro haverá de estar cheinho de imagens, temperaturas, perfumes, cores e memórias.

Marco Bosco
Tokyo 27/Fev/2007

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