Saturday, September 15, 2012

Amazônia




Águas do Rio Negro

Eu, como um garoto paulista nascido em 1956, acostumado ao meu matinho, sempre imaginei a realidade  dos olhos pousado no verde e nas águas do amazonas, pensando ser igual a floresta dos filmes do Jim das Selvas e Tarzan.
Em  1981, no então projeto Pixinguinha, que pela primeira vez vinha a  Tucuruí, Rio Branco, Manaus, Macapá, Boa Vista e Belém.
Em minha passagem por Belém, onde conheci o jovem Nilson Chaves e principalmente em Manaus, foram muito marcantes e  impressionante para aquele menino caipira de Torrinha.
Desde então passei a ter uma relação mais efetiva e curiosa com a Amazônia, principalmente pela sonoridade natural da floresta e das águas e lendas e povos da floresta.
Em 1986, baseado nos textos de Nunes Pereira ( A lenda Do Guaraná) e  Marcio de Souza ( As Folias do Látex), trabalhei junto com Paulo Calasans sobre o tema, primeiramente para trilhas de duas companhias de danças de São Paulo, que viraram  um álbum só, (Hánêréa, The Power of Nature) editado e lançado somente no Japão e Europa em 1990.
Minhas lembranças em sons e imagens, desde essa primeira “Tour Verde”, além das registradas, ficaram sempre muito presentes, principalmente pela grandiosa imensidão, silenciosa e tão sonora ao mesmo tempo.
Nunca mais pude deixar de ter sons de muitas sementes da terra, que soam como água, e muitos pássaros que levo em minha sacola, onde quer que eu vá.
O rasgo que o Solimões, Negro e Amazonas, fazem no planeta é a ilha Amazônica, lá o céu e a hora são diferentes e o inverno cai numa quarta-feira em dezembro!
A constatação e certeza de um Brasil diferente e  separado.
Alguém já disse que o Brasil esta de frente pro mar e de costas para o Brasil?
De uma maneira ou outra sempre acabei esbarrando no Amazonas.
Em novembro de 2008, mais uma vez o coração começou a me trazer para o Amazonas e no final do ano de 2009 apareceu a chance de trabalhar em Manaus, pela primeira vez em radio,  e durante o ano de 2010, fui levado pelo coração e pelas mãos de Tatiana Sobreira, jornalista e personalidade do radio e televisão da Amazônia.
Aí não parou mais....
Veio também, Seigen Ono, engenheiro japonês veio a Amazônia registrar seus sons, e pela primeira vez no mundo testar um equipamento de gravação móvel de última geração ainda em protótipo, desenvolvido pela Universidade de Waseda em Tokyo.
A Amazônia foi longe e  nos trouxe muito mais, com projetos de gravação com Leila Pinheiro, Nilson Chaves, Vital Lima e Eliakin Rufino  e as novas amizades de Celio Cruz e Euterpe.
E agora Amazônia Convida, tudo unido e sonorizado pela águas e o silêncio ruidoso da floresta.

Marco Bosco


(A partir texto do curador  publicado no programa dos concertos “Amazônia Convida”,  entre julho e novembro de 2012 no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro)

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